quinta-feira, 15 de março de 2007

| Comportamento | Nova geração

Eu sou de 1980.

Isso significa que sou filho, neto, sobrinho de pessoas que vivenciaram ditadura, golpe militar, que viram Brasília ser pensada, inaugurada e esculhambada. Pessoas que assistiram, ouviram, gostaram ou detestaram os Beatles, Rolling Stones, A Jovem Guarda, o Tropicalismo. Provavelmente tiveram amigos ou conhecidos presos, talvez tenham usado calças boca-de-sino vermelhas. Devem ter olhado com alguma estranheza a pasta de dentes, e maravilhados as primeiras imagens da Terra vista de fora.

Essas pessoas, que me alimentaram, me educaram, devem me estranhar um pouco.

Ser de 1980 significa que vivi uma época completamente diferente da deles, mesmo que, paradoxalmente, eles também viveram os anos oitenta.
Eu fui criado com a TV no meu dia-a-dia. Eu joguei Atari, Nintendinho, Mega-drive. Assisti He-Man, Thundercats e Caverna do Dragão, e Rá-Tim-Bum e Anos Incríveis, Curtindo a vida Adoidado e toda a clássica Sessão da Tarde. Brinquei de Lango-Lango a Comandos em Ação. Ouvi rock nacional, e devo ter me vestido de alguma forma vergonhosa em algum momento de minha infãncia/adolescência. Em suma, fiz quase tudo o que se diz nesses incontáveis emails, posts, arquivos de powerpoint e vídeos de youtube que falam com tanta saudade dessa década.
Os anos 80 estão ( ou estiveram, durante um bom tempo ) na moda, e isso é bem fácil de explicar: nós, de 1980, já crescemos, somos a população economicamente ativa, já temos filhos e uma marca clara das pessoas com mais idade é a nostalgia. Em poucos anos o alvo vão ser os anos 90, e assim por diante.

Agora, antes de tudo, ser de 1980 significa uma coisa muito importante: nós, provavelmente, somos os caras com o maior poder de adaptabilidade que a raça humana já deve ter conhecido. Darwin se orgulharia, se pudesse presenciar. Nós vivenciamos o auge do século 20, no sentido tecnológico da coisa. E crescemos tendo que nos acostumar com novidades a cada instante. Não foram novíssimos e grandes inventos que aconteceram, como o avião, a bomba atômica e a TV ( estes sim, marcos de grandes saltos evolutivos ). Foram, na realidade, revoluções, transformações e evoluções contínuas e desenfreadas de coisas que já existiam . Foram grandes "Booms" ( pulinhos evolutivos, eu diria; mas feitos diariamente ): da Tv, do entretenimento de massa, do poder da (multi)mídia, de shopping centers, do computador, da internet, da banda larga, do telefone, do celular, da velocidade com que as informações são criadas, transmitidas e difundidas. Isso sem contar que florestas foram dizimadas, e a consciência ecológica já é obrigatória; que as redes de fast-food estão ainda aí, mas a consciência de que se deve cuidar do corpo é clara e evidente. Enfim, a todo instante nos deparamos com informações que se contradizem, com dogmas criados quando extinguem outros, com novidades que expurgam as coisas velhas. E tivemos que nos acostumar a elas, e saber como processá-las. E vivemos bem com isso. Eu sempre achei que, por conta dessa nossa "mutação", dessa nossa capacidade de absorção e uso de conhecimento adquirido, vamos viver muito mais que nossos pais e avós.

Mas e nossos filhos? Uma nova geração já está por aí, atuante. Ela é a anterior à geração de nossos filhos, e deve ter alguma influência sobre eles. São os nascidos em meados dos anos
90, os adolescentes atuais, os que agora começam a se preparar pra entrar numa faculdade, os que começam a entrar em idade comercialmente ativa. Já estão estudando eles, e como seu comportamento afeta as nossas vidas. Parece papo de gente velha, mas essa juventude já é diferente do que fomos; eles já nasceram sob o signo da tecnoogia, nada é novidade completamente, e as revoluções acontecem um pouco diferente.

O vídeo abaixo é sobre eles, a "Geração C", de conteúdo. Trata de como o conteúdo é gerado, gerido por eles. Como a propaganda a cada instante se volta pra eles. O vídeo é conhecido como "Rafinha", e fez parte da palestra de Gustavo Donda, da TV1, na 1ª Conferência de Web 2.0. É um bom documento.





Um comentário:

Anônimo disse...

sam, parabéns pelo espaço!
e esse post incrivel!
o video muito elucidativo, que nos deixa aqui na vontade de discutir sobre...
grande abraço!

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