quinta-feira, 27 de setembro de 2007

| cinema | Oscar 2008

Ontem foi escolhido o concorrente Brasileiro a concorrente ao Oscar desse ano. É "O ano em que meus pais saíram de férias"(2006), de Cao Hamburger. A primeira frase não tem erro de construção: essa é uma indicação do Brasil à academia, que avalia filmes que não são falados em inglês do mundo todo e escolhe 5 para concorrer ao Oscar.

Nada de estranho na escolha, esse foi o filme melhor elogiado pela crítica, nos últimos meses.

Não assisti à maioria dos que estavam concorrendo, mas assino embaixo dessa decisão. "O ano..." é um bom filme, que trata das venturas e desventuras de um garoto da década de 70 que tem que lidar com novos costumes, novos amigos, pais desaparecidos e um avô morto. Não é um filme agitado, nem empolgante e, a depender de seu estado de humor, pode ser bem chato. Mas tem um fundo político bem construído e uma história que remete ao pão e circo que foi nossa ditadura. No entanto, não me parece filme pra Oscar. Veremos.


Os outros 17 indicados eram A Grande Família - O Filme, A História das Três Marias, Antônia, Batismo de Sangue, Cidade dos Homens, Fabricando Tom Zé, Muito Gelo e Dois Dedos D'Água, O Céu de Suely, O Cheiro do Ralo, O Dono do Mar, Ó Paí, Ó, Passageiro - Segredos de Adulto, Primo Basílio, Proibido Proibir, Saneamento Básico - O Filme, Tropa de Elite e Três Irmãos de Sangue.


É sabido que, mesmo com toda a publicidade que seja feita para um filme, mesmo que seja recheado de estrelas globais, mesmo que seja um filme da Xuxa, a bilheteria do cinema nacional é sempre sofrível. Há muitos motivos, mas o maior deles é um preconceito meio irracional, de simplesmente não dar chance a filmes brasileiros.

Mas isso é conversa pra outro post.
Agora, uma faceta curiosa dessa história toda você pode ver nessa imagem abaixo:

Clique pra ver os 55% de Tropa de Elite


A Folha estava fazendo uma pesquisa de opinião pra saber qual filme seria escolhido. E na votação mais da metade achava que seria o fenômeno "Tropa de Elite". Todos sabemos da história: o filme vazou, foi parar na internet e na mão de todos os vendedores de dvd pirata do país, e sequer estreou nas salas de cinema. Deve ser o filme brasileiro mais assistido dos últimos tempos, e isso se reflete nessa pesquisa aí em cima: mais da metade dos votantes queria ver Tropa de Elite concorrendo ao Oscar. A onda é tão grande que já tem até "Tropa de Elite 2", se você procurar.

Será que, se o vazamento não tivesse acontecido, "Tropa..." iria sequer ser votado? Ou mesmo estaria na lista, já que nem estreou? Duvido. Mas seu sucesso é inegável, entre a população que compra piratas: cansei de ouvir conversas de ônibus com pessoas indicando o filme, e alguns vendedores de dvd me disseram que era o filme que mais teve saída nas últimas semanas ( a ponto de um deles ter uma caixa separada, cheia de cópias ). É uma coisa a se pensar: será que não é por esse viés que o cinema Brasileiro poderia seguir? Não estou nem entrando no mérito da qualidade do filme, que não assisti ainda...mas na maneira de distribuição, na estratégia de marketing: será que não seria melhor tentar atingir as massas, dessa forma direta? Mas, novamente, isso é assunto pra outra postagem.

3 comentários:

Felipe Barreira disse...

Na minha opinião esse fato deve ser analisado pra se entender melhor o mercado. O cinema brasileiro tem baixa frequência, noetanto, o brasileiro gosta muito de TV. Se as produtoras e distribuidoras investissem mais em séries de TV com linguagem e tratamento cinematográficos, não a novelização da Globo, isso daria bons resultados.

Unknown disse...

O interessante de se observar é que aqueles que até hoje não viram( como eu )mesmo com todo o assédio (e pressão dos outros) planeja ir ao cinema, vê-lo lá naquela tela gigante dentro do ar condicionado congelante das grandes cadeias de exibição...
Por mais que digam que se perdeu muito dinheiro com pirataria, não precisaram gastar sequer com a propaganda( que foi feita no boca a boca e na divulgação intensa do vazamento em todas as mídias) e muitos assim como eu , resistem a comprar o pirata e vão assistir no cinema( lógico que na quarta-feira no multiplex porque sai mais barato... afinal não sou menino). Então eles terão mais público no cinema do que se tivessem seguido o percurso normal dos filmes brasileiros. Ou talvez eles tivessem a esperança(factível, tenho de admitir)que ele seria tão chocante e atraente como o Carandiru , que levou milhões de brasileiros aos cinemas.

San disse...

Billy e Larissa, concordo plenamente com vocês, meus caros.

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