Depois de conhecer o professor Robson Santos, fiquei um tempo fuçando o site dele. Lá eu pude baixar a tese de mestrado que ele defendeu em 2000, e que trata de Ergonomia e Usabilidade para sistemas de computador. Partes do resumo da dissertação seguem abaixo:
A usabilidade da interação homem-computador tem sido uma área de interesse crescente para os pesquisadores brasileiros. Entretanto, projetistas e desenvolvedores de sistemas informatizados pouco utilizam os parâmetros ergonômicos para projeto e testes de avaliação de usabilidade de interfaces. Esta pesquisa tem como objeto a usabilidade de interfaces gráficas computadorizadas, considerando sites de informações objetivas e sua adequação aos critérios ergonômicos. Sua finalidade é contribuir para a ergonomização do projeto de interfaces, e seu objetivo é consolidar o estabelecimento de critérios ergonômicos de avaliação e projeto de interfaces gráficas com usuários, e para a melhoria da usabilidade de web sites, contribuindo também para o estabelecimento de referências em língua portuguesa sobre este tema. (...) A hipótese que norteou esta pesquisa é que a desconsideração das recomendações ergonômicas no projeto de interfaces gráficas computadorizadas gera produtos deficientes no atingimento de suas metas de interação com o usuário.(...) Os resultados obtidos (...) mostram que os critérios ergonômicos de projeto devem ser aplicados dentro de um pensamento global que envolva todos os elementos que compõem um sistema de interação homemcomputador – o usuário, a tarefa e o ambiente – não de forma isolada, considerando somente a parte superficial da interface, mas sim de modo consistente, segundo os requisitos ergonômicos de qualidade.
Me interessei pelo assunto, e certamente vou ler com calma a dissertação.
Usabilidade é um termo que não encontrei no dicionário, mas achei de uma clareza incontestável. Significa a qualidade do que é útil, utilizável. Na tese está escrito que "Usabilidade pode ser compreendida como a capacidade, em termos funcionais humanos, de um sistema ser usado facilmente e com eficiência pelo usuário."
Maior ou menor usabilidade deve refletir em maior ou menor interação e entendimento do usuário com o sistema que ele está inserido, sendo esse sistema um site, um software ou a sua casa. É um cuidado que se deve ter com fluxos, indicações, movimentações que o usuário pode ter em um ambiente projetado. Ainda não havia tratado dessa preocupação como uma ciência, mas é interessante essa abordagem.
E nessas minhas andanças, lendo um pouquinho pela web acabei me batendo com um site sensacional: o dontclick.it .
O site, com um visual bacana, funcional, te convida a não clicar em nada. No sistema de uso, você apenas aponta pra onde quer ir, e ao longo do percurso ele vai te fazendo umas perguntas do tipo "você sente falta de clicar?". Lá mesmo estão as estatísticas. Tem também a história dos cliques, um módulo com experiências e outras coisinhas.
Aliás, o que levou o cara a fazer isso? Ele mesmo respondeu , na seção "The Story", e reproduzo uma parte da resposta aqui:
Basicamente, o que ele queria saber era nossa reação ao ficar sem essa ferramenta tão básica que é o clique, saber se essa mudança seria boa ou ruim. E, mais importante, a gente consegue resistir ao clique?
Alguns elementos que estão lá já podem ser aplicados, como o uso de gestos para definir ações do usuário ( no Firefox tem um bom plugin, o "gestures" ), mas um site inteiro sem nenhum clique ainda não havia encontrado. Os exemplos que ele dá da aplicabilidade do "Mundo sem Cliques" são sensacionais, e condizentes com essa nossa internet cada vez mais rápida. Obviamente, o site é inteiro em flash, mas tem uma aparência de ser bem leve.
De início, senti falta de clicar nas coisas e o dedo chegou a doer, além de eu ter ficado muito curioso pra saber o que aconteceria se eu clicasse. Mas com o tempo me acostumei, e gostei da idéia. Achei muito boa a forma de navegação, e a resposta aos movimentos. Viveria bem sem o clique...na internet, pelo menos.
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