sexta-feira, 6 de julho de 2007

| cinema | Ratatouille

Remy e Linguinni

Nessa segunda-feira fui assistir a pré-estréia de Ratatouille, a nova animação da Pixar. Eu escrevi algumas coisas sobre ele aqui.


Mas essas pré-impressões não fazem jus à maravilhosa experiência que foi estar no cinema acompanhando a história de Remy. Fui acompanhado de um casal de amigos e de meu irmão, que ficaram quase tão hipnotizados quanto eu. Pra nossa sorte, a história também deixou quietas todas as milhões de crianças que estavam no cinema com a gente. A sessão lotou, assustadoramente tomada por crianças que estavam gritando nos trailers. Mas não houveram chateações durante o filme, todos rimos juntos e ficamos calados juntos.


Antes, falarei de "Lifted", que em português ficou "Quase Abduzido". Pelos títulos, já dá pra sacar que o curta que vem antes de Ratatouille trata de alienígenas, humanos, abduções...mas o "quase" do título é o que leva a alguns momentos dos mais absurdos entre essas duas raças, e a uma série de piadas de situação que são universais. Chegue a tempo de assistir.



Ratatouille, a história de um rato que quer ser chef de cozinha, começa mostrando a tensão existente entre ratos e humanos. Nos apresenta também Remy, um dos ratos da colônia que tem olfato e paladar tão apurados que não consegue se contentar com o lixo que seus companheiros apreciam. A colônia dos ratos vive dos restos de uma velhinha que adora cozinhar e que acompanha a vida e as receitas do Chef Auguste Gusteau, que é o grande herói de Remy.

Auguste Gusteau

É um pouco fora do assunto, mas cabe aqui dizer que a velhinha é, na minha opinião, alguma parente de Geri, do excelente Geri's Game (1997). Se não é parente é esposa ou qualquer coisa do gênero. Além da semelhança física, a "dupla personalidade" também está lá, e seria o tipo de piada que se espera de um filme da Pixar. Só vendo pra entender, e quando for assistir de novo vou procurar coisas do do Geri na sala dela. Tenho certeza que tem.

Geri e seu tabuleiro

Voltando ao filme: Remy, discordando de seu pai e do resto da família, não acha os humanos tão perigosos assim, e os admira por criar sua própria comida. Detesta também a idéia de estar roubando pra comer. Em um incidente com a velhinha, acaba se separando da colônia e indo parar em Paris. A cidade, que é fascinante em vários aspectos, é a capital mundial da boa comida, e um prato cheio para Remy.
Emile, Remy e Django

Lá ele encontra o restaurante do Chef Gusteau. O Chef, em seus livros e entrevistas, prega que qualquer um pode cozinhar, o que faz muitos puristas da gastronomia torcerem o nariz. Um deles, Anton Ego, desfere duras críticas ao Gusteau's, que perde estrelas e clientes. A situação do restaurante vem piorando, já que Gusteau morreu e o chef Skinner, que assume o negócio, está tentando diversificar o cardápio com comidas semi-prontas, uma afronta a qualquer gastrônomo.
Colette, Anton Ego, Linguinni e Skinner

E é no Gusteau's que Remy vai tentar realizar seu sonho, com a ajuda inusitada de um dos ajudantes de cozinha do restaurante. Diferente do que eu achava, e que tinha escrito, Linguinni não quer ser Chef...ele só quer se manter no emprego, e aceita ser marionete de Remy para isso.

E tá bom já, não vou contar o filme pra vocês. Mas garanto que é daqueles que dá gostinho de quero mais. É tão divertido pra nós, crianças crescidas, quanto para as menores. Isso já é um padrão Pixar, diversão inteligente pra todas as idades. É filme família no bom sentido do termo, que passa algumas mensagens sem ser piegas, chato.

Sobre as qualidades técnicas da película, não tenho do que reclamar. Novamente, os caras da Pixar se superaram. Já são oito filmes, desde 1995, que sempre evoluem tecnicamente. A modelagem das personagens é cartunesca, mas as texturas deles e da cidade são incrivelmente reais, palpáveis. Quem se impressionou, como eu, com o oceano de "Procurando Nemo", vai ficar de queixo caído com a Paris que els reproduziram. Todas as rachaduras, toda a fuligem nas janelas, imperfeições do piso estão lá. Maravilhoso, mais um deslumbre visual que nos ajuda a acreditar completamente no que é importante: personagens e história.

E a história se desenvolve de maneira bem fluida, coesa. O roteiro, sem furos aparentes, é só um pouquinho maltratado com uma ou outra solução mais fácil, mas compreensível. Não se assuste: não há absolutamente nada que reduza a diversão ou deixe a história ruim. Ela vai tratar de um rato numa cozinha, e assume todo o asco que isso pode trazer, sem maquiagens. Mas usa esse elemento pra dar uma perspectiva dos roedores, com algumas críticas e alguns elogios a nós, humanos. O Remy não é humanizado ( apesar de andar sobre duas patas em algum momento, ou aprender a ler ), ele continua rato. Mas alguns humanos se "ratificam", e é essa a tônica da animação. São poucos closes em Remy, que é o personagem principal: a grande maioria dos planos é aberto, mostrando as ações humanas naquele ambiente. O rato é o contraponto, um elemento de comparação.

Assisti à versão dublada. Ainda bem, é toda sem tropeços, com dubladores de boa qualidade. Vou repetir a dose em breve, com legendas, e certamente terei o DVD. Sugiro que assistam.

5 comentários:

Felipe Barreira disse...

Bela análise San. Continue escrevendo assim, com tanta paixão.

Anônimo disse...

AEEEEEE!!! Era uma análise assim que eu tava esperando. "Apaixonada" e "imparcial" ao mesmo tempo.
E aí, quando vamos ver o ratinho falando inglês? Hum? Hum??? =)
Beijo.

San disse...

Muito obrigado, Respeitável Público!

Alice disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alice disse...

Obrigado??? E aquelas trufas que você prometeu em troca do elogio e... Ops! =x
Rs...
Beijoca!

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